20 de novembro de 2014

CRÍTICAS MOSTRA ADULTA - DIA 12 (por Diego Molina)

DIRIJA MINHA MORTE
Lado B de teatro – Rio de Janeiro/RJ

A primeira cena do segundo dia de apresentações do 7º Niterói em Cena tem grande apelo popular e comunicação direta com a plateia. A entrada inusitada de diversos atores, responsáveis pela produção da morte do personagem Léo, causa bastante impacto. O fato desses mesmos atores, que funcionam mais como uma espécie de elenco de apoio, estarem cem por cento dentro dos personagens, interpretando e buscando pequenas ações mesmo nos momentos em que não estão em evidência, dá credibilidade à proposta e fortalece a cena.
No entanto, o trabalho peca em algumas questões, principalmente no que diz respeito à dramaturgia. Mesmo divertida e despretensiosa, precisa ser melhor trabalhada. O primeiro ponto: o código penal brasileiro diz que é crime induzir, instigar ou auxiliar suicídio. Mesmo se tratando de uma cena de comédia bastante fabulosa, essa é uma informação conhecida por grande parte da plateia. Acredito que ao menos alguma menção a esse dado poderia ser colocada/explorada no texto, ganhando, inclusive, em profundidade, e deixando o público mais relaxado. Além disso, o texto precisa de um melhor desenvolvimento e de um melhor acabamento técnico. Questões como conflito, ação e reação, personagem e ação dramática poderiam ser mais esmiuçadas. Digo isso pois gostaria de saber mais sobre o personagem central e sobre a diretora. Entender melhor suas motivações para aquilo tudo. O suicídio é um tema extremamente rico, ainda mais agora que as ideias de eutanásia e suicídio assistido tem ganhando força e destaque no mundo. Repito que, mesmo sendo uma cena despretensiosa, um pouco mais de consistência ao tema abordado só tende a melhorar o trabalho como um todo. O próprio final, do jeito como a cena está, acaba se tornando um pouco previsível.
A direção aposta na agilidade e dinâmica da cena, dando-lhe ritmo e velocidade. Trata-se de um esquete bem ensaiado e com marcações precisas. Mas em alguns momentos ele carece de mais calma, como quando o protagonista se prepara para se matar. O suspense poderia potencializar a gag, deixando o momento ainda mais divertido. E isso ocorre pelo menos duas vezes.
É nítido o comprometimento da equipe; e a escolha do tema pelo autor é um ponto positivo. Trata-se de um trabalho bastante divertido e de interesse do grande público. Portanto, um pouco mais de discussão sobre o tema e um pouco mais de carpintaria no texto devem promover a cena e a pesquisa do grupo a um nível ainda mais alto.
Diego Molina (panodefundo@gmail.com)
Rio de Janeiro, 15 de novembro de 2014 – 7º Festival Niterói em Cena
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IRMÃS
Oficina social de teatro – Niterói/RJ

O esquete “Irmãs” mostra desde o início suas credenciais: trata-se de um trabalho em processo baseado fundamentalmente no jogo das três atrizes em cena, tomando como mote o texto “As três irmãs”, de Anton Thékhov.
São três atrizes ainda bastante novas, mais realmente muito promissoras. A disponibilidade e a “cara-de-pau” (no bom sentido) é evidente, mostrando que elas não têm medo de propor e de se expor em cena. Mas o objeto de pesquisa escolhido, a obra do dramaturgo russo, me parece ainda um pouco estranho ao elenco – naturalmente. É extremamente válido o trabalho com esse grande autor, como também a disponibilidade das atrizes. Mas é claro que somente com um pouco mais de tempo e vivência as jovens atrizes poderão captar com plenitude e total potência as questões propostas pelo texto. Por enquanto, o que nos chama a atenção, é o rico jogo entre as atrizes no palco.
Infelizmente, a cena foi desclassificada da competição por extrapolar o tempo permitido. O que nos evidencia um dos problemas do esquete. Um pouco mais de agilidade e cortes nas cenas seria bastante bem-vindo. Sinto ainda que a dramaturgia construída paralelamente ao texto de Tchékhov acaba ficando um tanto quanto autorreferente demais: em alguns momentos parecia ser um jogo, uma brincadeira, somente da equipe. Nesse sentido, a dramaturgia poderia, de alguma maneira, convidar mais o espectador a embarcar na proposta. A segunda parte do esquete, quando as atrizes se vestem de seus personagens aumenta o interesse da plateia e melhora o resultado como um todo.
De forma geral, a cena parece um trabalho de pesquisa ainda em desenvolvimento. Apresentar esse processo para o público é bastante válido, pois permite o grupo testar as ideias e iniciativas propostas e processar a reação dos espectadores. Tempo e dedicação irão naturalmente contribuir para um desempenho melhor da cena. O mote é relevante e as atrizes dispostas. Os buracos e alguns tempos demasiadamente longos serão corrigidos e a dramaturgia melhor definida, com um foco mais preciso.
Um ponto ainda que merece cuidado: o figurino inicial das atrizes não dá segurança suficiente para elas se movimentarem como gostariam.
No mais, continuem o trabalho! O caminho apresentado pela direção é um ótimo caminho!
Diego Molina (panodefundo@gmail.com)
Rio de Janeiro, 15 de novembro de 2014 – 7º Festival Niterói em Cena
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A LISTA DE SCHEILLA
CASA cia. de teatro – Rio de Janeiro/RJ

O mote proposto pela cena é bastante interessante: a supervalorização do consumo e a banalização do corpo humano. Como plataforma, o grupo se apoia numa linguagem cômica e de apelo popular. No entanto, uma busca excessiva pela graça e pelo riso do público acaba prejudicando um melhor rendimento.
A própria estrutura do texto encaminha o esquete neste sentido. Isso porque a maior parte dele se concentra apenas na apresentação de uma sequência de situações parecidas: a compra ou não de partes do corpo sob a única justificativa de eles estarem ou não na lista de compras. Qualquer um pode comprar qualquer parte do corpo e substitui-la? Elas não têm um preço? Em qualquer lugar são vendidas? Se todos têm acesso a esses produtos, por que simplesmente não compram? Tem gente que é contra isso? Todas essas questões acabam ficando de lado no texto, impedindo a cena de um aprofundamento/desenvolvimento maior.
O texto também poderia explorar outras dinâmicas, mostrar mais dos personagens para não ficar tão linear. Praticamente a única mudança – e é uma ótima mudança – se dá no final, quando Sheilla “dá o troco” no marido.  No entanto, a quebra de tempo é desnecessária e atrapalha o ritmo e a unidade de ação da cena.
Também a interpretação dos atores vai para um caminho mais caricato, assim como a orientação da direção em determinadas marcas, como, por exemplo, os atores olhando para a plateia para falar de um produto – como se estivessem num comercial de tevê.
O esquete ainda me parece que precisa de um pouco mais de tempo de ensaio para atingir a agilidade e o tempo que precisam.
A cenografia foi bem resolvida através de caixas, como embalagem para os produtos, ao invés de deixá-los expostos – o que seria bem difícil de se produzir. Como proposta, acho que na cena final Scheilla poderia entrar com muitas caixas de pênis, ao invés de três ou quatro. Daria mais impacto.
Diego Molina (panodefundo@gmail.com)
Rio de Janeiro, 15 de novembro de 2014 – 7º Festival Niterói em Cena
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PÁSSARO FORA DO AR
Núcleo Curare – Porto Velho/RO

A disponibilidade física do ator Cláudio Zarco é evidente. Trata-se de um monólogo que fala sobre “a experiência trancafiada de um menino que se transmuta em pássaro”, como a proposta de encenação aponta, e que se utiliza muito da desenvoltura corporal do seu intérprete.
A encenação e a dramaturgia apostam numa cena extremamente lúdica e poética, imprimindo um tom mais performático do que dramático (no sentido de drama, conflito) – o que pode ser visto tanto de maneira positiva quanto negativa. Acredito que o texto poderia ser melhor trabalhado no sentido de buscar uma maior clareza. É um tanto obscura a história de como ele se tornou pássaro, o próprio personagem (sua idade, por exemplo) e sua relação com o pai. Sabemos que tudo está ligado, de alguma forma, mas não entendemos, ao final do esquete, exatamente o que se passou, em termos de narrativa. A própria estrutura do texto não favorece. Pra quem o ator fala? É um depoimento? Uma narração? Uma performance?
A estética do trabalho é um ponto que chama a atenção. Mas alguns signos não ficam claros, como, por exemplo, o uso da tanga como figurino. As interferências sonoras – relacionadas a comerciais de tevê antigos – são bem curiosas e instigantes, mas também não sabemos exatamente o porquê delas e sua função. A clareza da cena ainda se perde em momentos (poucos, é verdade) em que a projeção de voz do ator não funciona tão bem, impedindo o espectador de compreender alguns trechos.
Acredito que mais objetividade daria mais resultado à cena: mais clareza no texto, nos signos propostos e mesmo na movimentação do ator. Sabemos do potencial corporal dele, mas as vezes há um excesso de gestos e movimentos, que podem se transformar em maneirismos, na medida que são repetidos demasiadamente e sem justificativa evidente. Outra possibilidade é a cena ir para um campo oposto e investir integralmente na performatização do trabalho, deixando de lado os conceitos dramáticos clássicos. Do jeito que está, infelizmente, o esquete está no meio do caminho, apontado muitas boas ideias, levantando uma história/questão pertinente ao tratar do abuso infantil, mas que não se realiza totalmente por uma falta de maior clareza.
Um belo trabalho de investigação, que merece mais objetividade e carpintaria dramatúrgica, para que não se torne apenas uma expressão pessoal, porém, inacessível, do ator.
Diego Molina (panodefundo@gmail.com)
Rio de Janeiro, 15 de novembro de 2014 – 7º Festival Niterói em Cena
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O POVO, O REI E O BUFÃO DO REI.
Multifoco companhia de teatro – Rio de Janeiro/RJ

“O povo, o rei e o bufão do rei” é uma cena em que se destacam a visualidade e a disponibilidade de conjunto da equipe, para a realização de um trabalho coeso e com um discurso extremamente válido.
O esquete é uma adaptação da obra de Matéi Visniec – um autor que tem chamado muita atenção no muito inteiro, cada vez mais encenado – que se utiliza de uma fábula medieval para fazer um paralelo com o atual momento político em que o Rio de Janeiro vive. Em especial, as repercussões dos movimentos de junho de 2013 e a “queda” do governador Sergio Cabral. A dialética promovida pelo texto e a utilização dos “ou” promove uma interação muito proveitosa com a realidade, levando o espectador a uma série de questionamentos sobre o tema proposto.
A encenação é toda trabalhada em função da iluminação, manipulada através de refletores portáteis pelos próprios atores. A direção optou por dar uma unidade à cena, mantendo o tempo todo a dinâmica da iluminação. Um caminho que funciona a contento para um esquete curto, mas que possivelmente não suportaria um espetáculo inteiro, ou mesmo uma cena um pouco maior. O diretor, então, joga com o limite da utilização do recurso, mas, ao meu ver, teve um resultado bastante positivo.
O esquete é belíssimo. Os efeitos conseguidos pela proposta de direção com a luz são muito interessantes e um verdadeiro deleite para os olhos do espectador. E somente um elenco coeso e totalmente entregue à proposta, livre de maiores vaidades, poderia dar conta. Como de fato aconteceu. Além de disponíveis, corporal e vocalmente, a precisão de seus movimentos e gestos possibilita que a cena tenha um ritmo ágil e acelerado, como se pede.
O trabalho com a musicalidade também chama a tenção e deve ser valorizado, assim como toda a pesquisa do grupo, que promove conteúdo significativo ao público e impacto estético.
Diego Molina (panodefundo@gmail.com)
Rio de Janeiro, 15 de novembro de 2014 – 7º Festival Niterói em Cena
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ISTO NÃO É UMA GUERRA
Os pataPHísicos – Rio de Janeiro/RJ

O esquete, que acabou se consagrando o grande vencedor do festival na mostra adulta, é o que costumamos chamar de um trabalho “redondo”, ou seja preciso, bem acabado e sólido em sua proposta e realização.
Quatro homens, figuras muito bem caraterizadas, estão dentro de uma espécie de bunker, tentando descobrir quem seria o traidor do grupo. O texto, de Rapahel Janeiro, além de abordar um tema pertinente ao momento de radicalização política e de bipartidarismo em que estamos enfrentando, é dramaturgicamente muito bem construído: apresentação, desenvolvimento, reviravolta, desfecho... muitos dos elementos da dramaturgia dita convencional estão presentes e com total êxito. O espectador acompanha com atenção a história. A única ressalva talvez esteja no final, um pouco inusitado demais. Mas mesmo assim está de acordo com o tom de reviravoltas proposto e com o registro fabuloso da cena.
“Isto não é uma guerra” é um trabalho de grupo, repleto de dedicação e ensaio. Isso fica evidente na condução da cena, que ocorre em ritmo acelerado e preciso. Mérito também, claro, da direção segura de Rapahel Vianna.
A visualidade da cena é excelente: uma luz branca no início dá bem a sensação desejada de lugar enclausurado e a composição dos figurinos é bastante interessante, como também o cenário, simples e objetivo. A trilha sonora, apesar de um pouco excessiva, ajuda no clima. A dinâmica do avanço da cena, a cada mudança de perspectiva, é ótima e é um elemento inventivo que ajuda no desenvolvimento da ação. Todo esse conjunto ainda nos dá uma impressão cinematográfica da cena.
O jogo dos atores funciona muito bem. Eder Montalvão, Henrique Juliano, Henrique Trés e Rapahel Janeiro estão seguros e executam as movimentações e gestos com precisão e qualidade. A projeção de voz funciona muito bem e nem um momento deixamos de acompanhar o texto.
Um grande trabalho. O grupo merece toda a atenção.
Diego Molina (panodefundo@gmail.com)
Rio de Janeiro, 15 de novembro de 2014 – 7º Festival Niterói em Cena
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EM CENA(AÇÃO)
Duo de dois – Rio de Janeiro/RJ

O esquete tem uma proposta que lembra bastante a obra de Pirandello e Woody Allen, na medida em que brinca com a ideia da metalinguagem e coloca personagens conscientes de sua condição ficcional em cena. Particularmente, esse é um mote que me interessa bastante. No caso de “Em cena(ação)” trata-se de uma iniciativa válida, mas um tanto incipiente.
A sensação de “realidade” que a cena procura – através de um diálogo mais cotidiano e da afirmação de que são atores/personagens no palco agindo no sentido de serem apenas “eles mesmos” – acaba resvalando num problema técnico: o tempo da cena. Há que se ter mais calma e deixar as coisas acontecerem de modo que tudo pareça mais “natural” (como na cena final). A velocidade da cena e a falta de pausas e silêncios atrapalham um pouco a proposta do texto. Um tempo mais trabalhado é necessário para que o espectador compreenda/aceite melhor a situação e embarque na história. Também a posição dos atores, muito no fundo do palco, é outro empecilho para um melhor resultado.
Outro ponto que chama a atenção é direção de movimento dos atores. Em muitos momentos eles ficam parados, com os braços rente ao corpo, enquanto falam o texto. Isso causa uma certa estranheza que, se por um lado é bem-vinda, pensando na temática da cena, por outro é um signo um tanto obscuro. De forma geral, a direção aponta para esse caminho: movimentos precisos e herméticos.
A iluminação imprime um tom dramático demais à cena, diminuindo, ao meu ver, seu potencial cômico. Aliás, o humor está bastante presente no trabalho, dando leveza à toda a situação. Caio Scot apresenta um pouco mais de segurança no texto, talvez porque ele mesmo o tenha escrito.
O resultado do trabalho é um esquete divertido, prematuro mas bastante promissor. É preciso mais carpintaria no texto e mais tempo de pesquisa na direção. As referências são muitas e bastante férteis. Creio que o grupo, se investir mais nessa direção, pode chegar a um resultado bem satisfatório muito em breve.
Diego Molina (panodefundo@gmail.com)
Rio de Janeiro, 15 de novembro de 2014 – 7º Festival Niterói em Cena
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OS INVISÍVEIS
Agromelados cia. de teatro – Niterói/RJ

O grupo, composto por atores e atrizes bastante jovens, apresenta em cena algumas histórias sobre moradores de rua e sua marginalização. São nove pessoas no palco, todos fortemente caracterizados, causando um impacto visual interessante.
O trabalho, que segundo a proposta de direção “passou pelo teatro do absurdo”, intercala depoimentos individuais e cenas de bando dentro de uma estrutura dramatúrgica não linear. Como cenografia, há uma série de caixas de papelão com objetos montados dentro delas que lembram as esculturas do artista Farnese de Andrade.
A direção optou por uma orientação de interpretação mais caricata e menos realista (ou hiper-realista, digamos). Percebe-se que há uma pesquisa, pois o elenco executa gestos e movimentos específicos que chamam a atenção. Mas apesar disso, o trabalho, de forma geral, ainda precisa ser melhor processado, para que a profundidade da discussão social e artística possa emergir. O texto, nesse sentido, não dá muito suporte, pois acaba seguindo um caminho mais lírico, sem muitas oportunidades para um embate dramático (conflitoso) entre os personagens. Trata-se de uma espécie de performance poética, que busca denunciar a maneira como muitas vezes o ser humano é tratado com animal. Lembra, em alguns momentos, o texto de Máximo Gorki, “Ralé”.
Creio que o esquete precise de mais tempo, para que os atores possam evoluir dramaticamente, cada um em seu momento. Como são nove atores/atrizes e apenas quinze minutos de apresentação, é compreensível que tudo tenha ficado um pouco corrido demais.
O ponto fraco, no meu entender, é a trilha sonora. Muitas vezes pareceu apelativa e com o único intuito de tornar a cena triste.
“Os invisíveis” é um trabalho válido, com um discurso e intenção claros, mas ainda incipiente. Passa por uma pesquisa interessante, mas que poderia apostar mais em situações dramáticas (cena, diálogo, progressão da ação) como forma de potencializar o esquete.
Diego Molina (panodefundo@gmail.com)
Rio de Janeiro, 15 de novembro de 2014 – 7º Festival Niterói em Cena
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O COMA
Grupo teatral loucAtores – Rio de Janeiro/RJ

O início do esquete chama muita atenção. Nele descobrimos a opção da direção pela “unificação do elenco em uma única personagem”, como diz a proposta de direção. Seis atores, extremamente caracterizados, interpretam o personagem central, Olegário, para contar uma história que lembra algumas situações das peças de Nelson Rodrigues.
Essa “unificação”, ao meu ver, é o que há de melhor e pior na cena. Tem-se empatia ou não por aquela figura, que no caso do esquete está multiplicada por seis. São seis vezes algo com o qual o espectador se relaciona, positiva ou negativamente. De qualquer forma, o aglomerado de atores/atrizes é impactante e virtuoso, pois é evidente o árduo trabalho na criação daquela espécie de coro – todos executam movimentos, coreografias, gestos e expressões unificadas. Porém, em alguns momentos, essa dinâmica acaba não favorecendo a compreensão do texto, no sentido vocal.
O elenco se utiliza de recursos de grande apelo popular, como é o caso da utilização de sotaques e das cenas de masturbação. Mais uma vez, há que goste mais e há quem goste menos disso.
A recorrência de momentos musicados e de coro retarda um pouco a ação e o desenvolvimento da história. A direção, numa tentativa de contornar essa questão, imprime um ritmo acelerado à cena, além de criar marcas e movimentos ágeis e inventivos. A utilização dos recursos do teatro-narrativo também colabora com essa ideia.
Sobre a dramaturgia, o que me chama mais a atenção é a ausência de uma “questão” maior a ser explorada. Me parece que a história é apenas um pretexto para a realização das dinâmicas de coro. No entanto, o desenvolvimento é claro, com início meio e fim.
Trata-se de um trabalho de virtuose do grupo, que pode agradar mais ou menos às pessoas, mas que apresenta uma pesquisa bastante interessante, colocando em cena artistas empenhados e talentosos.
Diego Molina (panodefundo@gmail.com)

Rio de Janeiro, 15 de novembro de 2014 – 7º Festival Niterói em Cena





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