ESQUETE PARA QUATRO JOGADORES, TRÊS MÁQUINAS DE ESCREVER, DOIS
ESPECTADORES E UM RINOSSORO.
Cia. sem mim – Rio de Janeiro/RJ
O início do esquete começa com um
clima bastante interessante, visualmente e sonoramente, revelando a composição
da cena. Mas o momento é interrompido com a entrada prematura de um dos atores
fazendo uma gag. Há que se ter mais tempo nessa introdução, para que o
espetador possa embarcar melhor no ambiente tão rico proposto. A única ressalva
que faço à composição visual é a bancada vermelha dos jornalistas. Apesar de
ser um signo claro do temor da presença comunista, o vermelho, escancarado na
frente do palco, chama muito a atenção e quebra com o resto do visual da cena,
tão coeso.
A banda, apesar de um elemento
poderoso e prazeroso, poderia ser melhor utilizada, para ficar menos acessória.
Os atores também precisam estar atentos às interferências para que a voz não
perca a projeção, o que acontece em alguns momentos. Isso prejudica, claro, uma
melhor compreensão do texto por parte dos espectadores. As máquinas de escrever
e o telefone antigo são uma referência ao passado, apesar do texto se passar,
ao que tudo indica, nos tempos atuais. Isso pode confundir o espectador, apesar
de proporcionar um certo charme à cena.
O elenco, mesmo que dirigido
uniformemente, investe num registro um pouco alto demais, indo para um caminho
um tanto farsesco. Assim o resultado pode sair o oposto do que se deseja, pois,
nesse caso, quanto mais seriedade e menos exageros, mais potência e diálogo com
o público pode se obter. Mas percebe-se claramente vigor e disposição nos
atores.
A musicalidade, através do
diálogo entre a banda e as máquinas de escrever, é bastante interessante é o
ponto forte do trabalho, precisando apenas, como já foi falado, explorar melhor
as interferências da banda, que executa bem o que foi pedido pela direção.
A maior fragilidade do esquete
está no texto. Infelizmente, os personagens foram construídos de uma maneira um
tanto linear, assim como o desenvolvimento da ação, conduzindo o esquete a um
mesmo registro, sem grandes mudanças nem maiores embates. Percebe-se claramente
a boa intenção do texto em sua crítica político-social, mas a falta de
carpintaria dramatúrgica acaba deixando a cena um pouco superficial e
repetitiva.
Há ainda um excesso de elementos
em cena, signos que não são tão bem compreendidos, como por exemplo, a lixeira
no proscênio, no centro do palco. O trabalho também está muito disposto para a
esquerda e para o centro, sendo a direta da plateia pouco utilizada. Há
momentos divertidos, como o mergulho do chefe no pó. Mas a troca de personagens
– aparentemente substituídos por eles mesmos – é um pouco confusa. O esquete
ainda poderia ter mais tempo de ensaio, para dar um ritmo melhor à cena, tão
complexa e com tantos elementos a serem organizados.
Em suma, a cena nos proporciona
uma crítica bastante relevante, mas o excesso de elementos não tão bem
organizados e a falta de um alicerce mais forte na dramaturgia impedem um
melhor resultado do trabalho. Um pouco mais de trabalho e técnica certamente
fará com que a cena renda de maneira bem mais satisfatória – e ela merece.
Diego Molina (panodefundo@gmail.com)
Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2014 – 7º Festival Niterói em Cena
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SE VIVÊSSEMOS EM UM LUGAR NORMAL
Grupo Milongas – Rio de Janeiro/RJ
O esquete se destaca pelo
excelente trabalho do ator-criador Roberto Rodrigues em cena: corpo e voz
vigorosamente presentes, e partituras e movimentos que chamam a atenção. Pode-se
ver e ouvir tudo com clareza.
A composição da cena é simples:
um ator e uma caixa-acústica de madeira. Com ela o intérprete cria ambientes e
musicalidades, se utilizando da narração para contar sua história. O esquete é
uma adaptação do próprio ator-diretor do texto homônimo de Juan Pablo
Villalobos e é de extrema pertinência, na medida em que põe em cena discussões
político-sociais bastante interessantes, tendo como pano de fundo a América do
Sul/Central.
A ressalva que faço à dramaturgia
está um pouco na indecisão em localizar com exatidão onde se passa a cena. Há
claras referência à América Hispânica, como também ao Brasil. Não sei é
intenção da adaptação não deixar isso evidente, mas creio que definir melhor o
local da trama possa ajudar o espectador a embarcar ainda mais no esquete. De
qualquer forma, temas pertinentes são tratados, como falta d’água, eleições,
racismo, condição social, favela, movimentos populares...
A direção da cena, feita pelo
próprio ator, trabalha bem com o tempo, imprimindo o ritmo e a velocidade
necessários, sem esquecer de colocar pausas e silêncios onde é preciso, criando
um registro complexo do esquete. Há ainda a exploração de onomatopeias como
recurso de atuação para contar a história, lembrando bastante o trabalho do
ator Julio Adrião em “A descoberta das Américas” – uma clara referência. Uma
breve comparação: o texto de “Se vivêssemos em um lugar normal”, apesar de
todas as suas qualidades, tem uma estrutura bem mais difícil, em termos de contação
de história em cena, do que a peça de Dario Fo. Mesmo porque o primeiro é
literatura e o segundo é uma peça de teatro. Isso dá ainda mais credibilidade
ao trabalho de Roberto Rodrigues, pois o desafio se torna maior.
O esquete trava ainda um bom diálogo
com a plateia, exacerbando a teatralidade do trabalho.
Em suma, trata-se de uma grande
cena e de um grande ator. Espero que a pesquisa possa se desenvolver e virar um
espetáculo.
Diego Molina (panodefundo@gmail.com)
Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2014 – 7º Festival Niterói em Cena
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ELO
Niterói/RJ
O esquete chama logo a atenção
para a sua ficha técnica: cinco diretores e somente dois atores em cena. O
resultado fica evidente, na medida em que vemos um trabalho bastante
fragmentado, cujo o todo se caracteriza pela soma da diversidade.
São várias cenas criadas e vários
caminhos apontados. A pluralidade da cena é evidente e bastante significativa.
Trata-se de um esquete complexo e com vários pontos-de-vista. Apesar do
trabalho começar com um discurso claro, com um casal dizendo algo como “Vamos
mostrar como consertamos nosso relacionamento”, a narrativa do texto não é tão clara
e se perde ao longo do processo. Em algum momento as cenas apresentadas me
parecem soltas demais, sem uma relação mais objetiva entre elas. Isso se deve
ao teor performático do esquete, descrito na proposta de encenação como um “teatro-dança
contemporâneo”.
Particularmente, acho que a cena
poderia ter menos momentos e mais aprofundamento do material selecionado, que é
extremamente rico. Entendo que a proposta da cena não parte da premissa
realista nem da dramaturgia clássica, mas gostaria, por exemplo, de ter mais
informações concretas sobre o casal, já que o prólogo promete uma narrativa
mais transparente.
Os atores – apesar do trabalho
parecer estar no início de uma pesquisa – são talentosos, dedicados e promissores.
Algumas peculiaridades de seus “personagens” são apresentadas de maneira
instigante e ambos se utilizam muito da voz e principalmente do corpo para
criar células de cenas, partituras – ora com melhor resultado, ora com não tão
bom resultado.
O esquete também se utiliza do
humor para dar leveza ao trabalho – uma decisão acertada para que a cena não
caia na armadilha de se tornar pretenciosa. Há ainda uma tensão sexual proposta
no atrito dos atores, que, ao meu ver, poderia ser ainda mais exacerbada
através do contato físico. Um ponto bastante positivo é a inversão, em alguns
momentos, da energia dos personagens: ele torna mais feminino e ela mais
masculina, resultando numa química muito interessante.
Há ainda um excesso de músicas no
esquete, que prejudica o ritmo da cena e o avanço do trabalho. Tem-se ainda que
se louvar a disponibilidade dos atores, sem pudores e inações que poderiam
atrapalhar a performance e a potência da cena.
“Elo” é um trabalho de pesquisa
que merece mais tempo e clareza em suas ideias, mas que já aponta para um
caminho bastante instigante.
Destaque ainda para a presença e
participação calorosa da família na plateia. :)
Diego Molina (panodefundo@gmail.com)
Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2014 – 7º Festival Niterói em Cena
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O ANTICRISTO
Voltagem de teatro – Rio de Janeiro/RJ
“O anticristo” é um esquete cuja
direção aponta para uma estética com ares cinematográficos: paralelismo das
marcações, como se o espectador assistisse tudo numa tela de cinema, muita (e
excessiva) trilha sonora incidental, e uma história escabrosa.
O resultado, no entanto, é um
pouco confuso. O texto precisa ser melhor desenvolvido afim de esclarecer
melhor algumas informações e, principalmente, ter uma melhor progressão
dramática. Os acontecimentos parecem surgir de maneira um tanto brusca e há que
se ter maior domínio da ação dramática, respeitando a ideia de que para cada
ação há uma reação – pois o texto aponta para um caminho de tradição mais realista.
A disposição da cena também
poderia ser melhor trabalhada, no sentido de se explorar melhor o palco. O
cenário não está muito bem posicionado e não permite que se instaurem as
chamadas áreas de ação. Algumas marcas também não são tão bem justificadas. Por
exemplo: porque a atriz sai de cena para pegar a arma? Ela não poderia estar em
algum lugar no cenário?
A interpretação investe numa
busca excessiva pela comicidade. Acredito que um tom mais sério, mais “cara de
pau” daria mais resultado. Há também que se trabalhar melhor a projeção de voz,
principalmente naquele espaço, cuja acústica é debilitada.
Trata-se de uma cena que busca o
apelo popular, mas carece de mais técnica para que isso ocorra. Apesar do texto
apresentar um princípio de discussão interessante sobre o poder, falta-lhe uma
questão maior a propor além da história, que envereda muito para um caminho
melodramático.
Observação: o tapa deve ter doido
bastante! Hehehehe
Diego Molina (panodefundo@gmail.com)
Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2014 – 7º Festival Niterói em Cena
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AS FREIRAS
Piscou dançou – Rio de Janeiro/RJ
Duas freiras nem um pouco ortodoxas
(interpretadas por uma atriz e um ator) resolvem enveredar na carreira dos
musicais da Broadway. Essa é a premissa de “As freiras”, que investe em
comicidade, na música (cantada ao vivo) e na utilização de um divertido coro
para contar sua história.
A dupla de atores tem grande
aptidão para o humor e se sai bem na proposta. As referências para o esquete
são muitas (diversos musicais e filmes) e os atores dialogam bem com o
material, parodiando diversas cenas clássicas. Mas acredito que o público que
conheça melhor essas referências se divirta mais, pois o texto, apesar da
premissa divertida, é um tanto frágil, e em algum momento percebemos que ele é
apenas um pretexto para uma grande brincadeira.
A direção, mesmo bastante
inventiva, abusa um pouco das movimentações, imprimindo uma dinâmica
excessivamente ágil. A entrada de diversos figurantes é interessante e causa
impacto, mas também acaba sobrando em alguns momentos, porque a busca pelo riso
fica muito evidente.
O problema, de forma geral, me
parece estar no fato do trabalho se caracterizar demais como uma paródia. Tudo
acaba ficando um pouco superficial, pois há muita crítica/distanciamento no
trabalho. Isso afasta um pouco o espectador da história, pois não há
identificação com os personagens e com a trama.
A qualidade, energia e vitalidade
dos artistas é inegável, mas talvez uma outra plataforma seja necessária para
um melhor rendimento de todos.
Diego Molina (panodefundo@gmail.com)
Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2014 – 7º Festival Niterói em Cena
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SOBRE TODAS AS OUTRAS COISAS
Pancadas – Rio de Janeiro/RJ
Outro esquete que chama a atenção
pelos recursos cinematográficos, “Sobre todas as outras coisas” apresenta
quatro perspectivas diferentes sobre uma mesma cena. Tudo ocorre num quarto de
casal, caracterizado por um colchão e uma luminária, que mudam de posição a
cada cena.
A direção se utiliza bastante da
trilha sonora e da iluminação para construir uma cena com ares de filme
hollywoodiano e está em plena sintonia com os propósitos do texto, ambos
assinados por Thiago Pimentel.
Trata-se de uma cena bonita
visualmente e com um discurso extremamente válido sobre as dificuldades de se
manter uma relação dentro de uma sociedade ainda muito preconceituosa. No
entanto, para o bem e para o mal, o esquete acaba ficando um tanto ingênuo, na
medida em que apresenta, com certa pretensão, um assunto e uma dinâmica já bem
esgarçados, tanto no teatro quanto no cinema. O fato do elenco ser ainda muito
jovem acentua essa característica, imprimindo um ligeiro, porém simpático, ar
de inocência, já que o texto fala de casamento e separação. Mas trata-se de um
roteiro (para usar um jargão de cinema) bem construído e com um foco claro, que
vai direto ao ponto. A crítica possível de ser feita se encontra na própria
estrutura, pois mesmo que esse seja o grande mote da cena, a mudança de
perspectiva, onde tudo se encaixa mesmo com personagens diferentes, há que se
reconhecer que isso causa uma certa previsibilidade ao trabalho.
O elenco, bastante disponível e
dentro da proposta, precisa apenas trabalhar melhor a projeção de voz. E a direção,
muito sensível, respeita os tempos que a cena requer.
Talvez fosse interessante
trabalhar mais diferenças nas cenas, outras dinâmicas além da mudança do
cenário, para que a questão da previsibilidade se amenize – mesmo que se perceba
esse esforço por parte da direção. A criação de um prólogo e de um epílogo trabalha
nesse sentido. Apesar do início ser dramaturgicamente desnecessário, ele
contribui para que o esquete não fique monótono.
Diego
Molina (panodefundo@gmail.com)
Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2014 – 7º Festival Niterói em Cena
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SERIAL
Teatro inverso – Rio de Janeiro/RJ
Como grande parte das cenas do
festival, “Serial” se apoia na estrutura do teatro narrativo para desenvolver
seu trabalho. No entanto, muitos momentos do esquete poderiam ser potencializados
se fossem utilizados mais diálogos e mais conflitos, a fim de obter maiores
embates e um melhor desenvolvimento da ação. A diminuição dos depoimentos já
ajudaria, pois promoveria mais a cena, já que as informações seriam inseridas
no diálogo.
A visualidade da cena é
interessante: diversas cadeiras metálicas espalhadas pelo palco compõem o
cenário. No decorrer da cena, o ator liga as cadeiras amarrando um longo fio de
náilon entre elas, o que pode ser interessante esteticamente, mas nem tanto
enquanto signo e promoção do jogo de cena. Há ainda uma taça de vidro
absolutamente desnecessária colocada em cima de uma das cadeiras, causando um
forte incômodo na plateia, que fica na expectativa de que ela possa cair e
quebrar a qualquer momento. Também uma segunda taça, que fica na mão da atriz
durante boa parte da cena, não contribui muito para o desempenho dela.
A cena tem uma dinâmica de
movimento promissora, mas resvala num rito lento. O texto, que precisa ser
melhor trabalhado, não apresenta tantas mudanças dramáticas significativas
quanto poderia, carecendo principalmente de uma “questão”, de uma discussão de
maior relevância, além da história do casal. Percebe-se que o autor-diretor
propõe boas imagens e tem boas ideias, mas infelizmente elas ainda não atingem
sua plenitude.
Aos atores, apesar da
disponibilidade em cena, falta ainda mais visceralidade e profundidade no
contato físico, para que o sexual não fique somente na forma. O volume da voz também
é baixo, de maneira geral. Há que se ter ainda mais calma em alguns momentos. A
conquista, por exemplo, também é rápida demais. Poderia haver mais conflito e
tensão nela.
“Serial” é um esquete com muitas
ideias e bastante entrega da equipe, mas que precisa de um pouco mais de
trabalho e maturação para alcançar seus objetivos.
Diego Molina (panodefundo@gmail.com)
Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2014 – 7º Festival Niterói em Cena
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ROMEU, JULIETA E...
Os escultores – Rio de Janeiro/RJ
A ideia de “Romeu, Julieta e...”
é contar a história do casal shakespeariano em 15 minutos, com apenas dois
atores, mas com alguns “adendos poéticos” à história. Trata-se de uma
iniciativa válida, apesar de já bastante explorada, lembrando, de alguma maneira,
o recente “RJ Shakespeare”, sob a direção de João Fonseca.
O esquete se utiliza de apenas
uma mesa para realizar dinâmicas variadas, mas, mesmo com esse recurso, a cena
muitas vezes acaba ficando mais lenta do que deveria, carecendo de agilidade. O
ritmo mais arrastado acaba supervalorizando algumas piadas, diminuindo sua
eficiência. Percebe-se um esforço no trabalho em dialogar com o público. Mas
algumas vezes esse esforço é demasiado, fazendo com que algumas brincadeiras
acabem ficando um tanto gratuitas.
Os atores-criadores demonstram
segurança no texto, mas têm um desempenho um pouco comedido, necessitando
apresentar mais vigor e desenvoltura para compensar as movimentações lentas da
cena. Para a caracterização dos personagens os atores recorrem a vários tipos,
sendo que alguns são mais divertidos que outros. A referência da coca-cola como
veneno é bastante engraçada e funciona bem. Também a mímica precisa de mais
refinamento, pois é uma arte essencialmente de virtuose. Quando não bem
executada perde o sentido.
Creio que de uma maneira geral,
um olhar de fora contribuiria em muito o trabalho, ajudando a conduzir o ritmo da
cena e dando feedback no texto e nos personagens. Do jeito que está, “Romeu,
Julieta e...” é uma cena divertida, porém um tanto ingênua, na medida de carece
de mais recursos técnicos para a elaboração de um trabalho do qual já vimos
bastante e com realizações impecáveis.
No entanto, o final,
surpreendente, fecha muito bem o esquete e dá, em alguma medida, a sensação de
“dever cumprido”.
Diego Molina (panodefundo@gmail.com)
Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2014 – 7º Festival Niterói em Cena
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O DOTE OU VENENO COLORIDO
Limiar grupo de teatro – Rio de Janeiro/RJ
A cena, escrita por Jô Bilac e
dirigida por Carolina Pismel, antigos parceiros de trabalho, apresenta uma nova
versão do texto – já montado em outras ocasiões.
A apresentação da cena chama a atenção
e causa impacto na plateia. A direção optou por condensar a movimentação dos
atores num espaço bastante limitado, como se fossem peças num tabuleiro de
xadrez. Visualmente, a opção é bastante interessante. Por outro lado, acaba
dando uma certa previsibilidade à cena, além de não ter uma justificativa forte
aparente.
O esquete se desenvolve de
maneira um pouco mais lenta até a metade do trabalho, alcançando um ritmo
melhor em seguida. A visualidade dos figurinos é muito bem trabalhada e, como o
texto, claramente inspirada nas tramadas de Nelson Rodrigues passadas no meio
do século XX. O conjunto acaba tendo um resultado com bastante teatralidade.
Entretanto, apesar de divertido,
o esquete não apresenta uma “questão” maior, uma discussão relevante,
concentrando-se apenas em contar uma história, da qual temos a sensação de que
já ouvimos antes. É um dos poucos textos do Jô que, apesar de ter uma
carpintaria bem trabalhada, não transmite a força que outras de suas obras
possui.
O elenco realiza com segurança as
orientações da direção e transmite o texto com energia. Mas as marcas acabam
deixando a cena mais estética do que “dramática”, no sentido de que poderiam
promover melhor o diálogo e a troca entre os atores.
“O dote ou o veneno colorido” é
uma cena muito bem trabalhada tecnicamente, mas que não tem tanta potência pela
falta de um sentido mais transcendente.
Diego Molina (panodefundo@gmail.com)
Rio de Janeiro, 16 de novembro de 2014 – 7º Festival Niterói em Cena
Olá Fábio e Vivian!!
ResponderExcluirSabem quando saem as críticas do dia 14?
Bjs!!